FATOS ALEGADOS PARA A
DECADÊNCIA.
Por que a decadência
aconteceu em Paraty de maneira tão
violenta?
A
transferência do Caminho do Ouro tem sido dada como um dos motivos. Entretanto,
ela atingiu o comércio entre Paraty e as
minas gerais, diminuiu o dinheiro circulante na cidade, mas não atingiu a
produção. Também a construção da Estrada de Ferro São Paulo - Rio, propiciou
aos cafeicultores do Alto - Paraíba e mesmo de regiões do Vale do Paraíba, a
transferir a exportação de seu produto para o porto de Santos, outro fator que diminuiu
o dinheiro circulante na cidade, ainda atingindo mais ao comércio, sem reflexos
significativos na produção. No entanto,
o grande baque na economia e na produção do município, foi a abolição
dos escravos.
A Lei Áurea de
13 de maio de 1888 pegou os coronéis alambiqueiros de Paraty desprevenidos, e a conseqüente falta do braço escravo motivou
uma série de desativação de engenhos e aqueles que ficaram em suas fazendas,
pouco a pouco foram deixando de produzir. De engenhocas movidas a burros aos engenhos de porte, movidos a roda d’água,
alguns deles estavam empenhados por
empréstimos ao Banco do Brasil, razão porque, muitos foram à praça e como não apareceram
arrematadores, o banco avocou as propriedades e a produção parou. Engenhos
fechavam! Entretanto, ainda durante o princípio do século, a cachaça continuou
como sustentáculo da economia claudicante.
Engenho Boa Vista 03 – Em frente à
cidade
Dos
antigos engenhos que, presumidamente,
existiam desde Martim de Sá, ao Sul, até Taquari, ao Norte, no inicio do
século, por informação de Francisco Gama
Gonçalves, filho de produtor de cachaça,
crescido entre aqueles que viviam do ramo, conseguiu-se encontrar os seguintes:
01 - Boa Vista 1 Dr. João Lopes
02 – Boa Vista 2 - Dr. José Borges
Boa vista –
3 -Antigo Engenho a vapor, de herdeiros de Domingos Feliciano Corrêa. –
Pertencera, entre outros, a Johann Ludwig Ermann Bruns, pai de Júlia – Julia
Mann após seu casamento com o escritor alemão Tomas Mann
04 – Canhanheiro
– Jerônimo Ribilett
05 – Bom Jardim-1
Henrique Berchand
06 – Bom Jardim -2 –Henrique Berchand
07 – Tucupê – 1 – João Gama
08 – Tucupê – 2 – João Gama
09 – Praia Grande – Antonio Feliciano de Araújo
10 –
Jurumirim – Luiz José Gonçalves
11 – Praia do Baré 1– Francisco Isidoro
12 – Praia do Baré 2 Francisco Isidoro
13 – Praia do Guerra - Antonio
Guerra
14 – Praia da Areia – José Bonifácio
15 – Praia da Lula –
Proprietário ignorado
16 – Praia da Conceição – Benedito Moura
17 – Praia do Preguiça – Padre Viana e sua irmã
Catarina Viana
18 – Ilha do Algodão l – Padre Viana e sua irmão
Catarina Viana
19 – Ilha do Algodão 2 – Padre Viana e sua irmã
Catarina Viana
20 – Ilha do Algodão 3 – Padre Viana e sua irmã
Catarina Viana
21 – Sucuri – João Jaques de Moraes
22 –
Serraria – João Lourenço de Oliveira
23 – Pastinho – Manoel do Sobrado
24 – Porto
Grande – Manoel Antonio Vasco da Gama
25 – Diogo Vaz – Diogo Vaz
26 – Fundão
– Pedro Erasmo de Alvarenga Corrêa
27 – Barreiros – Espanhol – nome ignorado
28 – Caçada
– Benedito Alves
29- Rio Turvo – Benedito Alves
30 –
Itatinga – Gabriel Arcanjo Lopes de Alvarenga
31 –
Paraty-Mirim - Manoel José de Souza
32 – Paraty-Mirim, Subida do Indio – Eng de Açúcar – Manoel José de
Souza
33 – Pedras
Azuis – Cap. Antonio Ferreira Vasconcellos França
34 – Sobradinho – Antonio Manoel Alves – pai
35 – Sertão
da Independência – l – Jose Avelino de Souza
36 – Sertão
da Independência – 2 - João Avelino de
Souza
37 – Faz. Laranjeiras - José Santinoni
38 – Martim de Sá – Proprietários ignorados
39 - Praia
Grande da Cajaíba – Cap. José Araújo
40 – Ponta
da Caraíba – Cap. Manoel Bulé – Cachaça e açúcar
41 – Praia
do Sobrado – Cap. José Viana – Irmão de Padre Viana
42 – Praia
do Engenho – Cap. Pedro de Almeida
43 – Praia
das Antas – Cap. Faustino Souza
44 –
Mamanguá-Rio Grande – Cap. Antonio Pacheco
45 –Mamanguá
–Rio Turvo- Padre Manoel Alves Veludo
46 –
Mamanguá – Regato – José Moreira
47 – Rio dos
Meros – Engenho do Campinho – José de Souza
48 – Rio dos
Meros – 2 – João de Souza Magalhães
49 – Rio dos
Meros – 3 – Barnabé Ramos de Oliveira
50 – Rio dos Meros 4 – Antonio Luiz de Souza
51 – Rio dos
Meros -5 – Crispim Rafael de Alcântara
52 – Rio dos
Meros – 6 – Dr. João Lopes
53 – Olaria 1–
Abílio Dutra
54 – Olaria
2–Carlos dos Santos Dias
55 – Olaria
-3 – Mar. Manoel Eufrásio dos Santos Dias
56 – Olaria
– 4 – Luiz José Viera (caldeira)
57 – Ribeirinho – João José Gomes
58 – Faz.Preta – Manoel Francisco Peres dos Santos
59 –
Pedraria – Manoel Bento Souza
60 –Várzea
da Marina – Marina Silva Santos
61 – Corisco
– José Theophilo da Costa Moreira
62 – Faz N. S.
da Conceição-Bananal – Da. Geral da Maria Silva- Santa casa de Misericórdia de
Paraty.
63 –Faz.
Cachoeira – Cap. Apolinário de Paula e Silva
64 – Faz.
Cachoeirinha – Cap. Apolinário de Paula e Silva
65 – Faz.
Bananal – Dr. Paulo Souza
66 – Faz.
Bananal - Francisco Costa (pai do Dr.
Samuel Costa)
67 – Faz.
Carretão – Francisco Costa
68 - Alto Bananal - Da. Carolina Santos-
69 – Faz.
Pedra Branca – Tte. Francisco Manoel de Alvarenga e Souza
70 – Bom
Retiro – fundos – Eng da Moenda – José Moreira
71 – Caboclo
– José Rodrigues de Carvalho
72 – Faz.
Bom, Retiro – Bernardino Moreira (pai)
73 – Várzea
do Corumbê –Eng do Malvão – Benedito Malvão (pai)
74 – Barra
do Corumbê – Benedito Malvão (pai)
75 – Corumbê – João Soares
76 – Faz.
Preta do Saco Grande – Antonio Florêncio
77 – Alto do Corumbê
- Geraldo Silva
78 – Saco
Grande –1 - José Marcelino de Oliveira Garcez
79 – Saco
Grande – 2 – Antonio Bittencourt
80 – Ponta
da Navalha – Manoel Dutra
81 –Praia
Grande – Cap. Joaquim Lourenço de Oliveira
82 – Sertão
do Saco Grande – Cap. Joaquim Lourenço de Oliveira
83 – Praia do Engenho – Perciliana Moura
84 – Eng do
Buraco – Graúna – Perciliana Moura
85 – Graúna
–Julio Honorato
86 – Rio Pequeno
– José Coelho
87 –
Nanhanquara – Joaquim Dutra
88 – Barra
Grande – Honório Lima
89 –
Taquari 1- Engenho Central – Dr. Alberto Maranhão
90 – Taquari
– 2 – Faz. do Bertrand – Bertrand de tal
91 – Sertão
do Taquari - -Antonio Zoroastro
92 – Barra Grande
–Eng. da Colônia –Colônia de franceses
Engenho Bom Retiro desativado
Nota 1 – Os grifados em negritos referem-se
aos engenhos tocados à roda d’água. Os demais movidos a burro.
Nota
2 - Havia
engenhos de fazendas limítrofes pertencentes a familiares, como dos irmãos José e João Avelino Souza no
Sertão da Independência e Manoel José de Souza, no Paraty-Mirim – Domingos
Feliciano Correa em Boa Vista, Pedro
Erasmo de Alvarenga Corrêa no Fundão e Gabriel Lopes de Alvarenga, na Itatinga, eram parentes próximos. Luiz José Gonçalves
era casado com dona Clara Gama e João
Lourenço de Oliveira com sua irmã Francelina Gama. No fim
do século do século restavam:
01 – Itatinga,
de Gabriel Archanjo Lopes de Alvarenga (neto)
02 - Vamos Nessa – Luiz Mello
03 – Corisco – Aníbal Gama (sobrinho)
04 – Muricana
– Antiga Fazenda Bananal
05 - Coqueiro- Eduardo José Mello
06 – Maré Alta
– Dom João de Orleans e Bragança/Carlos José Gama Miranda
07 – Maria Izabel
– Maria Izabel Costa
Na década de
l930/40, na cidade ainda havia dois armazéns de engarrafamento de cachaça: na
Rua Jácome de Mello (ant. Rua da Lapa) do senhor Leontino Carlos de Mello e
Souza e na Rua Dr. Pereira, do senhor José Conti. Ocupavam os serviços dos
tanoeiros Antonino Benedito do Carmo e Diógenes
de tal.
Independente
das lutas políticas, na cidade e na zona rural a vida continuava. Havia festas
e folguedos e duas bandas de música – 25 de dezembro e Lira da Juventude disputavam
o privilégio de abrilhantar as festas, bandas agregadas às facções políticas,
dominadas pela mesma paixão, embora levassem a competição para o campo musical.
Lira da Juventude - 1925